segunda-feira, 7 de abril de 2014

Na década de 1960 e 1970 o Brasil vivia sob o regime político ditatorial,que por meio de seu autoritarismo e repressão, mantinha o controle em vários aspectos da vida social brasileira,principalmente na área da cultura. Apesar do DOPS  -Departamento de Ordem Política e Social, criada para manter o controle do cidadão e vigiar as manifestações políticas na ditadura - surgiram várias formas de protestos contra o regime, uma delas:canções de cunho social...
 Foi um movimento surgido em 1967 que revolucionou o modo de fazer a música popular brasileira. Ele chamou a atenção do público na terceira edição do Festival de MPB da emissora Record, com forte teor político. Nesse show, Caetano Veloso cantou “Alegria, Alegria” acompanhado por guitarras elétricas. Foi um escândalo, já que elas eram consideradas ícones do imperialismo americano (e a MPB sempre esteve associada ao violão, especialmente na bossa nova).
 Mas o objetivo era exatamente este: arejar a elitista e nacionalista cena cultural brasileira, tornando nossa música mais universal e próxima dos jovens.
Enquanto Gil e Caetano tinham um projeto consciente para a música brasileira, Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias se aproximaram do movimento porque sentiram que, com ele, poderiam fazer seu som descompromissado e cheio de ironia. Estavam mais para o rock dos Beatles do que para a crítica política da Tropicália.
Em 1969, assim como Caetano, foi preso pela ditadura militar e partiu para o exílio político, marcando o fi m do Tropicalismo.
Em maio de 1968, os tropicalistas gravaram um álbum coletivo chamado Tropicália ou Panis et CircensisCaetano coordenou o projeto que ficou com cara de manifesto. Canções inéditas de sua autoria, ao lado de outras de Gil, Torquato Neto, Capinam e Tom Zé faziam parte do trabalho. Os Mutantes, Gal Costa e Nara Leão, além do maestro Rogério Duprat, autor dos arranjos, completavam o time vencedor.

.. E O FIM.. 

Antes de fins sociais e políticos, a Tropicália foi um movimento nitidamente estético e comportamental. Com tantas provocações, as reações à Tropicália começaram a se tornar mais agressivas e os confrontos começaram a aparecer. Dentre os mais famosos está o que ocorreu durante o III Festival Internacional da Canção, no Teatro da Universidade Católica de São Paulo.
Caetano Veloso foi agredido com ovos e tomates pela platéia ao defender com Os Mutantes a canção ”É Proibido Proibir”, que compôs a partir de um slogan do movimento estudantil francês. O compositor irado reagiu com um discurso que ficou para a história. "Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder?"
Com o crescente endurecimento do regime militar no país, as interferências do Departamento de Censura Federal já eram práticas de rotina. Canções tinham versos inteiros cortados, ou eram mesmo vetadas integralmente. O decretação do Ato Institucional número 5, em 13 de dezembro de 1968, oficializou de vez a repressão política a ativistas e intelectuais.
Em 27 de dezembro de 1968 Caetano e Gil foram detidos e com isso a Tropicália se enfraqueceu, embora a morte simbólica da corrente já tivesse sido decretada em reuniões do grupo. Mas, o movimento que mesclou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais da época seguiu influenciando grande parte da música popular produzida no país pelas gerações seguintes.
 

TROPICÁLIA E ANTROPOFAGIA

A Tropicália visou a derrubada de preconceitos, mostrando todas as influencias da MPB, desde Luiz Gonzaga até Vicente Celestino. Desenvolveu-se nos anos 60 com uma proposta nos moldes do movimento modernista de 1922. Uma dessas características é o caráter antropofágico de Caetano Veloso, capaz de dirigir e recriar todas as possibilidades oferecidas pela música brasileira e estrangeira.
Alegria, Alegria foi composta neste contexto. Por isso, mostra-se uma música carregada de ideologias e idéias que vão de encontro à cultura, ao regime e à ideologia vigentes.

sábado, 5 de abril de 2014

1968

Marco de grande e festivais e várias repressões...

O ano de 1968 foi um ano repleto de repressões , mas também muitos festivais de canções, no qual, era usado para introduzir críticas á ditadura nas letras de suas músicas.
Nesse mesmo ano surgiu o III Festival Internacional da Canção, numa época onde os protestos estavam em alta e os militares bem insatisfeitos. Mas mesmo assim,1008 canções foram inscritas de vários estados do Brasil e apenas 40 foram selecionadas para concorrer no Maracanãzinho.
Na fase classificatória, Caetano Veloso foi vaiado pela música “É proibido proibir” , que mesmo assim foi classificada.






É proibido proibir   -  Caetano Veloso                                           
A mãe da virgem diz que não
 E o anúncio da televisão
E estava escrito no portão
E o maestro ergueu o dedo
E além da porta
Há o porteiro, sim...
E eu digo não
E eu digo não ao não
Eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...
Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estantes, as estátuas
As vidraças, louças
Livros, sim...
E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...
Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estátuas, as estantes
As vidraças, louças
Livros, sim...
E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...
Caetano acabou desistindo do festival , mas ainda viria Geraldo Vandré , cantando “Pra não dizer que não falei das flores” , o que deixou todos da organização bem apreensivos , por conta de ser um “tapa na cara” de militares e ditadores... Tanto que logo no ano de 1969, Vandré teve que sair às escondidas do Brasil para não acabar na repressão militar do país, sem contar , que sua música foi proibida durante 20 anos por aqui, mas no final das contas , se tornou um verdadeiro hino.
Por fim , o festival teve como resultado em 1°lugar a música “Sabiá” de Tom Jobim e Chico Buarque , mas debaixo de muitas vaias , já que o povo esperava que tivessem coragem de colocar a música de Geraldo Vandré em primeiro , que acabou ficando em 2° , e em 3° a música “Andança” de Danilo Caymmi .

1°Lugar
                               Sabiá - Tom Jobim e Chico Buarque
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De um palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor Talvez possa espantar
As noites que eu não queira
E anunciar o dia
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
E é pra ficar
Sei que o amor existe
Não sou mais triste
E a nova vida já vai chegar
E a solidão vai se acabar
E a solidão vai se acabar


2°lugar
                Pra não dizer que não falei das flores - Geraldo Vandré
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

3°Lugar
                     Andança - Danilo Caymmi
Vim tanta areia andei
Da lua cheia eu sei, uma saudade imensa
Vagando em verso eu vim vestido de cetim
Na mão direita rosas vou levar
Olha a lua mansa a se derramar
Ao luar descansa meu caminhar
Meu olhar de festa se fez feliz
Lembrando a seresta que um dia eu fiz
Já me fiz a guerra por não saber
Que esta terra encerra meu bem querer
E jamais termina meu caminhar
Só o amor me ensina onde vou chegar
Rodei de roda andei, dança da moda eu sei
Cansei de se sozinha
Verso encantado usei, meu namorado é rei
Nas lendas do caminho
Onde andei
No passo da estrada só faço andar
Tenho a minha amada a me acompanhar
Vim de longe léguas cantando eu vim
Já não faça tréguas, sou mesmo assim
Contracanto:
Me leva amor
Amor
Me leva amor
Por onde for quero ser seu par